O número de motoristas do Grande ABC que tiveram a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa teve alta de 5,27% entre 2015 e 2016. Levantamento do Detran-SP (Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo) aponta que passou de 31.372 para 33.028 a quantidade de pessoas notificadas após somar 20 pontos no período de 12 meses ou cometer faltas gravíssimas, como embriaguez ao volante, pilotar moto sem capacete ou participar de rachas no período. O problema atingiu, em média, quatro condutores da região por hora no ano passado.
Conforme o levantamento do órgão estadual, três das sete cidades do Grande ABC registraram alta no número de suspensões emitidas entre 2015 e 2016. São elas: São Bernardo (passou de 7.647 para 10.519), Ribeirão Pires (passou de 859 para 1.086) e Rio Grande da Serra (passou de 239 para 296). Os demais municípios registraram queda nos casos: em Diadema houve redução de 5.733 para 5.723, em Mauá caiu de 3.946 para 3.663, em Santo André de 9.472 para 8.721 e em São Caetano de 3.476 para 3.020.
Tanto no Grande ABC quanto no Estado e na Capital cresceu o número de condutores habilitados: entre as sete cidades a alta foi de 1,08%, na Capital foi de 1,8% e no Estado de 2,49%.
O empresário Rafael Caldeira Dalmazo, 30 anos, recebeu suspensão de quatro meses devido ao acúmulo de infrações. O morador de Santo André dirige há 12 anos e aguarda o período de ‘castigo’ acabar para começar a reciclagem. “Minha habilitação foi cassada em agosto de 2016 por conta da pontuação que estourou. No momento, eu estou me locomovendo por ônibus, carona e aplicativos como o Uber. Devo ficar sem dirigir por mais dois meses até sair o processo de reciclagem”, contou.
O processo de cassação começa com a notificação do condutor, que tem prazo de 30 dias para apresentar defesa ao Detran-SP. Ao fim do procedimento, o motorista que não reverter o quadro deve entregar o documento ao órgão estadual e, após cumprir período de suspensão, passar por curso de reciclagem. A punição é definida de acordo com a gravidade da infração cometida e pode chegar a um ano.
Números são reflexo da fiscalização
A fiscalização do Detran-SP (Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo) é o principal motivo para que número considerado alto de motoristas que perdem o direito de dirigir por um período aumente ano a ano, explicam especialistas ouvidos pelo Diário.
Para o professor de Mobilidade Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Humberto de Paiva Junior, os casos vieram à tona a partir do aumento da fiscalização por meio de novos dispositivos de vigilância. “A fiscalização melhorou muito, assim como o sistema de treinamento de motoristas, mas o condutor ainda não leva muito a sério a legislação. Acho que precisa tornar um pouco mais rígida essa parte”, aponta.
Já na visão de Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, especialista em Mobilidade Urbana e coordenador do curso de Engenharia da Mackenzie, embora tenha havido fiscalização mais efetiva nos últimos anos, ainda falta vigilância a respeito dos motoristas que conduzem sem habilitação. “Há punição de automotores, mas não necessariamente o motorista vai deixar de dirigir. Por não ter fiscalização, não há o efeito pedagógico da educação no trânsito. Se a gente não trabalhar isso, nunca vai conseguir reduzir o número de acidentes”, considera.
Humberto de Paiva Junior destaca ainda a importância do transporte público para as sete cidades, tanto no que diz respeito ao custo mais baixo em relação ao automóvel quanto na promoção da integração com a Capital. “A região do Grande ABC carece disso por ter ligação com São Paulo”.
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